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Como explicar a liberdade aos mais novos?

Falar sobre a liberdade é algo que deve ser feito logo a partir da infância. A Revolução dos Cravos já tem quase 50 anos, fator que, felizmente, faz com que muitas gerações não tenham experienciado as dificuldades da ditadura. É necessário ensinar os mais novos a não tomar a sua liberdade por garantida.

De facto, vivemos num país considerado livre, cujo sistema político segue os ideais democráticos. Mas será que conseguimos falar deste conceito aos mais novos? A liberdade tem muito que se lhe diga. Varia consoante mentalidades, países e matrizes culturais, estando longe de ser um valor linear.

Cátia Lopo e Sara Almeida, psicólogas clínicas da Escola do Sentir, reforçam que é necessário não só falar com as crianças sobre liberdade, mas também incentivá-las a ser livres, apurando o seu sentido de justiça. “A verdade é que o 25 de Abril é um ótimo mote para passarmos às crianças os conceitos essenciais da liberdade. É essencial ensinarmos as nossas crianças a serem internamente livres”, afirmam.

 

Liberdade ao longo da história

Um bom ponto de partida para explicar a liberdade aos mais novos é, sem dúvida, o contexto histórico. Devemos explicar às crianças o que significa viver sem a liberdade para expressar as nossas opiniões e pensamentos.

“Podemos pegar em pequenos exemplos do dia a dia das crianças, em conflitos que possam existir na escola, com os professores ou com os amigos e mostrar-lhes que, antes de existir liberdade, de facto, tínhamos que aceitar tudo aquilo que nos era apresentado, mesmo que não concordássemos”, sugerem.

Do quotidiano parte-se para a intensa luta que houve em Portugal para alcançar a liberdade. Neste campo, a abordagem deve ser simples e concisa, podendo ser auxiliada por livros infantis sobre o tópico. “O 25 de Abril Contado às Crianças... e aos Outros” de José Jorge Letria é uma obra, incluída no Plano Nacional de Leitura, capaz de gerar diálogos bastante proveitosos entre pais e filhos.

Todavia, há que lembrar que a liberdade não acaba nas conquistas de abril. Apesar de sermos uma nação livre, quantas vezes vivemos internamente numa ditadura, regrada por aquilo que a sociedade, a família ou os outros esperam de nós? À custa de mentalidades, “deixamos de ser livres, mesmo que vivamos numa nação que comemora com fervor a liberdade no mês de abril”, referem Cátia Lopo e Sara Almeida.

 

A liberdade começa em nós

Depois de solidificados os principais conceitos, as crianças devem ser encorajadas a viver em liberdade no seu dia a dia. Embora este passo pressuponha bastante diálogo, é na prática que os mais novos aprendem.

“Em primeiro lugar, devemos ajudar as crianças a conhecerem-se a si próprias, a serem capazes de identificar aquilo que são e aquilo que querem. Uma criança que se conhece a si própria conseguirá, com mais confiança, avançar pelo seu crescimento e pela vida fora em liberdade”, afirmam.

Os pais podem auxiliar as crianças nesta jornada, por exemplo, ensinando-as a expressar as suas emoções de forma saudável. Por vezes, as crianças não se sentem à vontade para colocar por palavras aquilo que sentem, “porque acreditam que chorar ou estar triste é para fracos”. Crianças livres devem sentir-se à vontade para se expressarem, sem temer julgamentos.

É também essencial ensinar a fazer escolhas. A criança pode ter ainda muito que aprender, mas as suas opiniões importam. “Se no dia a dia da criança lhe dermos a possibilidade de fazer escolhas, estamos a criar um caminho que lhe permite ser mais genuína e alinhar-se com os seus valores internos, de forma a ser livre”, referem as psicólogas.

 

A liberdade começa onde acaba a do outro

Incentivar a criança a amar-se a si própria e aos outros é um elemento essencial para que esta possa viver em liberdade. Quando a criança sente que não é suficientemente boa, os mecanismos de censura atuam sobre si própria. Desde tenra idade, devemos aprender a gostar de nós por inteiro. A aceitar lados bons e maus, ao mesmo tempo que trabalhamos para ser melhores.

Outra dimensão importante é fomentar a empatia. “Ensinar as crianças a respeitar a liberdade das outras crianças, ou adultos, à sua volta é essencial. Porque respeitar o espaço e as necessidades do outro é, em si, um exercício de liberdade, que nos permite a todos ser livres”, explicam Cátia Lopo e Sara Almeida.

Cabe a pais e educadores deixar as crianças voar. Incentivá-las a experimentar novas atividades, com confiança em si mesmas e carinho pelos que estão à sua volta. Enquanto pontos de referência, também os adultos devem assumir-se como são, expressando-se de forma clara e respeitosa. Estarmos alinhados connosco próprios é um gesto que parece tão simples, mas que tem potencial para impactar a juventude à nossa volta.

 

A liberdade será sempre de todos e para todos. Um excelente mês de abril e boas conversas!

 

Por: Estrelas & Ouriços

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