Loja

Procurar loja

Entrega Grátis

A partir de 35€

Professores informados, miúdos seguros: passos para uma relação saudável com o digital

Jovens e crianças devem estar cientes dos perigos do online. Num mundo em que a presença dos ecrãs é constante, qual será a melhor abordagem? A educação começa em casa, mas os professores também são uma peça chave.

Numa era em que os ecrãs dominam, torna-se imperativo orientar os mais novos para uma utilização saudável do online. Face ao contacto regular com estes recursos, tanto os benefícios como os perigos aumentam, pedindo uma comunidade escolar vigilante.

Embora a educação comece em casa, os professores sempre tiveram um importante papel informativo no que toca à literacia digital. A escola é, por excelência, o local onde crianças provenientes de diferentes contextos veem os seus conhecimentos nivelados. Algumas podem estar mais habituadas à internet, outras nem tanto. Cabe ao docente proteger todos de igual forma.

 

“Geralmente recomendo que se olhe para a segurança online de crianças e jovens como uma cadeira de quatro pernas, a que correspondem outras tantas abordagens: a regulamentar, a parental, a educacional e a tecnológica”, afirma Tito Morais, fundador da plataforma Miúdos SegurosNa.Net e do projeto Agarrados à Net.

Desde 2003 que Tito Morais procura sensibilizar pais e educadores para incluir o digital na rotina das crianças, com a máxima segurança. Os vetores de atuação dos seus projetos passam por fornecer os essenciais para uma monotorização adequada, recorrendo a arquivos digitais, ações de formação e workshops.

Sublinha-se, assim, a relevância da comunidade escolar nesta jornada pelo online. Em particular quando existe um esforço para “integrar as temáticas relacionadas com a segurança online no seu curriculum e como atividades extracurriculares, complementando as abordagens parentais”.

 

Um caminho feito de áreas cinzentas

Em matéria de segurança digital, há muitas áreas cinzentas e equilíbrios difíceis de encontrar. Proteger ou controlar? Alertar ou atemorizar? Urge definir uma estratégia clara. Segundo o professor, o importante está em tentar estar ao lado da criança, não um passo à sua frente.

De facto, “a investigação diz-nos que as crianças que correm menos riscos online não são aquelas cujos pais têm um estilo parental limitador ou restritivo”. As abordagens ao tema devem primar pelo “crescimento, desenvolvimento, maturidade e autonomia das crianças”, criando um espaço seguro onde se sintam à vontade para expor as suas dúvidas.

Esta é uma das principais razões pelas quais programas de bloqueio e filtragem acabam por não ser tão eficazes. Se o acesso é limitado em casa, a criança consegue aceder à informação que pretende noutros locais. A necessidade de segurança deve ser interiorizada, não imposta sem explicações.

“A ideia é fazer como fazemos com o andar de bicicleta. De início, andam com rodinhas, depois tiramos as rodinhas e seguramos no selim até que por fim, quando sentimos que já se equilibram, largamos o selim e deixamo-los ser autónomos”, refere Tito Morais.

 

O papel das escolas

Além de falar sobre o assunto, as escolas devem assumir o papel de reparar nas pequenas nuances. Ao passar tantos dias por semana na companhia dos alunos, muitas vezes os professores conseguem detetar sinais de alarme fora do alcance dos pais.

“Há alguns sinais específicos que podem servir de alerta – fechar janelas do browser ou desligar o telemóvel quando alguém se aproxima – a verdade é que devemos estar atentos a qualquer mudança comportamental”, acautela.

Aliás, o contexto escolar possui a agravante de os alunos estarem sujeitos à pressão dos pares. Aconselhar os alunos a pensar pela sua própria cabeça é fundamental, perante um ambiente em que práticas como o cyberbullying se tornam cada vez mais comuns.

“A necessidade de afirmação pessoal no grupo pode levar um jovem a comportamentos que contrariam os valores em que é educado e que o podem deixar desconfortável ou até pôr em causa a saúde ou até a sua própria vida”, afirma Tito Morais.

Com docentes informados, a qualidade da relação que os alunos têm com a internet melhora exponencialmente. Há que mostrar que ambos pretendem combater um inimigo comum, não estando um contra o outro. Entre alertas e apostar na aprendizagem constante, comunicar com a criança sem a julgar é imprescindível.

“Todos - crianças, jovens e adultos – devemos ter sempre alguém da nossa confiança a quem recorrer para obter conselho e ajuda. Tal pode impedir que as situações se agravem ou se tornem irremediáveis”, conclui Tito Morais.

Leia abaixo a entrevista na íntegra a Tito Morais, fundador da plataforma Miúdos SegurosNa.Net e do projeto Agarrados à Net:

 

Vamos falar de internet segura: qual o papel do professor?

A escola tem um papel determinante na deteção de sinais de alarme quanto aos riscos de uma criança no mundo digital e, ainda antes, em alertar para a importância deste tema. Para Tito de Morais, fundador do projeto MiudosSegurosNa.Net e do projeto Agarrados à Net, informar, sensibilizar e formar são três verbos essenciais a por em prática.

 

Como podem os professores ser agentes da promoção de uma utilização segura da internet?

Geralmente recomendo que se olhe para a segurança online de crianças e jovens como uma cadeira de quatro pernas, a que correspondem outras tantas abordagens: a regulamentar, a parental, a educacional e a tecnológica. A escola pode e deve integrar as temáticas relacionadas com a segurança online no seu curriculum e como atividades extracurriculares, complementando as abordagens parentais.

 

Numa época em que as crianças, muitas vezes, percebem mais de ecrãs do que os adultos, como é possível estar um passo à sua frente?

Não precisamos de estar um passo à frente, mas estar ao lado. O acompanhamento parental é chave para a segurança online de crianças e jovens e, tal como acontece com a utilização, deve acontecer em idades cada vez mais precoces. A ideia é fazer como fazemos com o andar de bicicleta. De início, andam com rodinhas, depois tiramos as rodinhas e seguramos no selim até que por fim, quando sentimos que já se equilibram, largamos o selim e deixamo-los ser autónomos. Mas isso não quer dizer que deixemos de os acompanhar.

 

Quais os principais pilares de atuação do Miúdos Seguros na Net? Este projeto pode constituir uma ajuda nos “trabalhos de casa” de pais e professores nesta matéria?

A informação, sensibilização e formação são os vetores de atuação do projeto MiudoSegurosNa.Net. É o que temos vindo a fazer desde 2003 e o feedback que vamos recebendo é que temos ajudado pais e educadores ao longo destes anos. Hoje temos avós que ajudámos como pais e que agora nos procuram para os ajudarmos com os netos.

 

Quais os principais sinais de alarme que mostram que uma criança começa a correr riscos no mundo digital? E como proceder atempadamente em ambiente escola?

Primeiro convém ter a noção que crianças e jovens que correm riscos offline, são mais propensas a correr riscos online, exigindo por isso particular atenção. A mesma atenção deve ser dada a crianças e jovens com necessidades educativas especiais. Por fim, se há alguns sinais específicos que podem servir de alerta – fechar janelas do browser ou desligar o telemóvel quando alguém se aproxima – a verdade é que devemos estar atentos a qualquer mudança comportamental. As mudanças comportamentais, sejam elas quais forem, exigem atenção especial - seja em casa, seja na escola – e devem ser analisadas no sentido de se apurar a sua origem.

 

Nos debates sobre segurança na internet, fala-se muito de proibir e controlar. É possível? Até que ponto é que isto sufoca as crianças e os jovens em vez de os informar?

Ser possível é, mas em minha opinião e segundo a investigação sobre o tema, produz resultados contrários aos pretendidos. A investigação diz-nos que as crianças que correm menos riscos online não são aquelas cujos pais têm um estilo parental limitador ou restritivo, mas aqueles cujo estilo parental se caracteriza pela mentoria dos filhos. As abordagens restritivas e as abordagens opostas – tipo mãos livres – não contribuem para o crescimento, desenvolvimento, maturidade e autonomia das crianças.

 

Ao falar dos perigos do online há alguns anos atrás, apresentar histórias reais era uma estratégia comum. Será que este método continua a ser eficaz ou falar de casos extremos apenas serve para causar medo?

As histórias reais têm um poder de estabelecer laços e empatia com quem as ouve, continuando por isso a ser poderosos elementos de informação, sensibilização e educação. No entanto, se a perspetiva de quem conta for uma de instigar o medo, a sua utilização produzirá os efeitos contrários ao pretendido, sobretudo quando a audiência é composta de jovens adolescentes.

 

Que estratégias é que os jovens devem adotar no caso de se depararem com uma situação de risco?

Saber pedir ajuda nas horas de aflição é algo difícil, mas que todos - crianças, jovens e adultos – devemos ganhar consciência e termos sempre alguém da nossa confiança a quem recorrer para obter conselho e ajuda. Tal pode impedir que as situações se agravem ou se tornem irremediáveis. E devemos ter algumas pessoas na nossa vida para quando precisarmos. No caso de um(a) jovem, pode ser um(a) amigo(a), colega de escola ou irmão mais velho. É importante que não sejam apenas pares, pelo que devem incluir aí um(a) professor(a) ou familiar.

 

Como se podem entreajudar nesta matéria e de que forma é que o ambiente sentido entre colegas pode influenciar os seus comportamentos na internet?

Os pares, como referi acima, podem constituir uma primeira linha de suporte, mas é também importante perceber que o grupo pode exercer influências nefastas e que, a necessidade de afirmação pessoal no grupo pode levar um(a) jovem a comportamentos que contrariam os valores em que é educado(a) e que o(a) podem deixar desconfortável ou até por em causa a saúde ou até a sua própria vida. É por isso importante trabalhar com as crianças e sobretudo os jovens adolescentes para pensarem pela sua própria cabeça e não se deixarem coagir por dinâmicas de grupo contrárias aos seus princípios.

 

Além de chegar às crianças, como se deve apresentar aos pais este problema, sem alarmismos, mas alertando para os reais perigos?

Seja nas ações sobre cyberbullying que tenho realizado com os meus colegas Luís Fernandes e Sónia Seixas, seja mais recentemente no âmbito dos webinares, mini-workshops, workshops e cursos no âmbito do projeto “Agarrados à Net” que promovo juntamente com a Cristiane Miranda - Coach, a importância das abordagens parentais são sublinhadas.

 

Por: Estrelas&Ouriços

Comparar Produtos

Staples

Digital

Crianças