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Aprender nos tempos livres: saudável ou sufocante?

O regresso às aulas implica o regresso das atividades extracurriculares. Se ainda tem dúvidas relativamente à melhor opção para o seu filho, não desespere. A psicóloga Sónia Gaudêncio explica todos os passos para uma relação saudável com os tempos livres.

Com o novo ano letivo, surge a oportunidade de inscrever os mais novos em atividades extracurriculares. Estes momentos de ocupação de tempos livres são muito importantes para o desenvolvimento das crianças, podendo incluir desde o desporto escolar a opções artísticas como música ou dança.

Ainda assim, é importante estar atento para evitar que a rotina fora da escola se converta em motivo de stress. Há diversos aspetos a ter em conta na hora de escolher uma atividade extracurricular, podendo, por vezes, ser difícil encontrar um equilíbrio entre os gostos dos filhos, horários preenchidos e a vontade dos pais.

Sónia Gaudêncio, psicóloga clínica e diretora dos serviços de psicologia e formação da Estima+, desmistifica este importante acrescento ao currículo, que deve sempre ser discutido de forma aberta. Só assim será possível criar momentos exteriores à sala de aula que contribuam para “um desenvolvimento equilibrado dos jovens”.

 

Quais os benefícios de crianças e jovens participarem numa atividade extracurricular?

Sónia Gaudêncio (SG) - A participação nas atividades extracurriculares é benéfica para um desenvolvimento equilibrado dos jovens e para a descoberta de novos interesses. Pode ter vários benefícios para as crianças e jovens, não só a nível emocional como a nível social, ajudando a desenvolver a capacidade de interação com os pares, o trabalho em equipa, o controlo das suas emoções e até mesmo ajudar no cumprimento de regras. Além disso, proporciona a oportunidade de fazer novas aprendizagens e desenvolver outras aptidões, por exemplo a nível físico e artístico. Ter a oportunidade de realizar uma atividade de que se gosta e na qual se é competente, permite a promoção da autoestima e a diminuição da frustração.

 

Ao escolher uma atividade extracurricular, que aspetos é que pais e educadores devem ter em conta?

SG - É importante ter em conta os interesses e as aptidões das crianças, até para que a frequência dessa atividade tenha benefícios e não o contrário. É suposto que estas atividades tragam satisfação e possam ser uma mais-valia, ou seja, permitam desenvolver capacidades que ajudem na promoção do bem-estar da criança. É essencial que a atividade seja adequada à faixa etária da criança e às suas necessidades. Antes da escolha, fale com os seus filhos, oiça as suas preferências e, caso não tenham ainda gostos bem definidos, apresente-lhes as opções disponíveis, através de aulas experimentais, para que possam fazer escolhas conscientes.

 

Quais as atividades extracurriculares mais benéficas para cada idade?

SG - Para as crianças mais novas, pode ser vantajoso uma atividade de grupo que ajude na socialização e no desenvolvimento motor, sendo preferível um desporto coletivo. Nas mais velhas, pode ser mais vantajoso um desporto individual ou uma atividade artística, colocando alguns desafios a nível individual. Mas tudo depende também das características e necessidades de cada criança. Por exemplo, os escuteiros podem ajudar na socialização e no cumprimento de regras. Já a aprendizagem de instrumentos musicais pode ajudar ao nível da atenção e concentração. Existem ainda outras atividades que podem ter benefícios ao nível da saúde, nomeadamente a natação.

 

Por norma, é melhor apostar em atividades focadas na aprendizagem ou no lazer?

SG - Se conseguirmos aliar as duas coisas, melhor. Se conseguir encontrar uma atividade que, para além de ser agradável para as crianças, proporciona também alguma aprendizagem é o ideal. Convém nunca esquecer que o grande objetivo destas atividades extracurriculares é preencher os tempos livres das crianças e, como tal, proporcionar-lhes alguma satisfação e diversão essenciais para promover o seu bem-estar.

 

Os gostos da criança são tudo na hora de escolher uma atividade extracurricular? Ou é bom encorajar os mais novos a sair da sua zona de conforto?

SG - Mais uma vez, há muitos fatores a considerar. É sempre importante partir das preferências das crianças. No entanto, poderá haver situações em que será benéfico para a criança sair da sua zona de conforto, de forma a poder superar medos, receios e obstáculos, reforçando a sua autoconfiança. Cada situação deve ser ponderada entre pais e filhos e conversada com base nos benefícios que cada atividade pode trazer.

 

Quando a carga horária é muita, as crianças começam a demonstrar algum desinteresse ou cansaço, face às atividades extracurriculares. A que sinais de alerta é que os pais devem estar atentos?

SG - As atividades extracurriculares nunca devem ocupar todo o tempo livre das crianças, que devem também ter espaço para brincar livremente, para descansar ou simplesmente para não fazer nada. Os pais devem estar atentos às mudanças de comportamento, por exemplo, a alterações bruscas de humor, alterações no apetite ou nos padrões de sono, ao cansaço e à desmotivação dos filhos. 

 

Se uma criança ou adolescente confessa que já não gosta de fazer determinada atividade, é importante insistir ou simplesmente deixar desistir?

SG - É importante conversar com eles e perceber o porquê desse desinteresse. Cada caso é um caso. Há situações em que é recorrente as crianças e adolescentes começarem uma atividade e desistirem pouco depois, quando sentem que o grau de exigência aumenta ou simplesmente porque sentem que não são capazes. Nestes casos, é importante insistir e ajudar a encontrar soluções para ultrapassar esses obstáculos. Mas há outras situações em que simplesmente a criança começou a ter outros interesses e apercebeu-se que aquela atividade já não lhe traz satisfação, querendo, por isso, desistir para dedicar o seu tempo livre a outras atividades. Nestes casos, deve-se permitir desistir.

 

Como é que os pais podem ajudar os filhos a conciliar a vida dentro e fora da escola, prevenindo eventuais casos de ansiedade?

SG - Em primeiro lugar, não devem sobrecarregar os filhos com atividades extracurriculares. É importante que os filhos tenham tempo livre, gerindo da forma como acharem mais adequado. É suposto que o tempo livre tenha a função de ajudar a relaxar e a descontrair, não que seja mais um fator de stress, promotor de ainda mais ansiedade. Devem verificar o tempo que a escola ocupa, o tempo que precisam para estudar, o tempo que sobra para atividades e reservar algum tempo livre sem nada previamente definido. No fundo, os pais devem ajudar a fazer esta gestão de tempo, que nem sempre é fácil. 

 

Por: Estrelas&Ouriços

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