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Conversar sobre a guerra com os mais novos? É importante!

A guerra costumava ser uma realidade distante dos países europeus até há pouco tempo. Os conflitos entre a Ucrânia e a Rússia trouxeram este tópico para o centro do espaço mediático, inserindo-o no quotidiano.

Face a uma enchente de informação, testemunhos e imagens, também as crianças começam a ganhar consciência da guerra. Se os adultos sofrem bastante com o tema, consegue ser ainda mais difícil para as crianças encarar a realidade. Pais e educadores devem estar à altura do desafio, procurando responder, acima de tudo, com clareza.

Apesar da boa vontade, não é fácil conversar sobre um tópico repleto de áreas cinzentas. Inês Loio, psicóloga do PIN - Partners in Neuroscience, conta que o essencial está em “ajudar a desconstruir alguns conceitos, corrigir algumas crenças que estejam erradas ou completar informação”.

 

Primeira abordagem

Por onde começar? Eis o principal desafio com que muitos se deparam. Embora a guerra seja um acontecimento relativamente recente, há contexto histórico e várias implicações a explorar, não sendo fácil selecionar a informação a passar aos mais novos.

“Devemos começar por promover a discussão do tema, abrindo espaço para dúvidas e explorando que canais de comunicação é que podemos investigar em conjunto. Podemos utilizar esta exploração para aprendizagens próprias”, afirma Inês Loio.

Quer o tema tenha surgido à hora de deitar, quer à volta do telejornal, não feche portas a questões que os mais novos possam confessar. À falta de curiosidade, as conversas podem ser iniciadas pelo adulto. Partindo, por exemplo, de notícias, é fácil proceder à “estimulação e discussão de ideias, assim como da compreensão do mundo que as rodeia” de que as crianças precisam.

Entre os cuidados a ter, há que assinalar a questão da linguagem. Optar por discursos simples e claros é a abordagem recomendada, tendo em atenção a idade da criança. Ao adaptar o discurso àquilo que os mais novos conseguem compreender, introduzindo sempre que possível uma retórica solidária, gera-se empatia e previnem-se confusões.

“Devemos ter um trabalho difícil de equilibrar: se por um lado a guerra é longe e temos de assegurar segurança e proteção, por outro devemos também estimular a compaixão e cooperação com os outros”, refere a psicóloga.

 

Pedir ajuda aos livros

Quando se torna complicado encontrar respostas, os livros nunca falham. Existem inúmeros títulos que procuram contar esta realidade às crianças, abordando os porquês da guerra, de forma adaptada a todas as idades. Com calma, clareza e solidariedade, é possível juntar miúdos e graúdos em redor desta causa. A hora do conto também pode ter muito a dizer sobre o mundo que nos rodeia.

O Muro no Meio do Livro

Jon Agee | M/4

Neste livro, há um muro que divide dois lados. Um jovem cavalheiro crê que esta parede existe para sua proteção de monstros horríveis como um tigre bravo, um rinoceronte e um ogre. Porém, será que é mesmo assim? Tão concentrado nestes perigos, o herói nem parece reparar no perigoso crocodilo que surge do seu lado do muro. Por vezes, surgem muros onde deviam ser construídas pontes.

 

A Viagem

Francesca Sanna | M/6

Como será deixar tudo para trás e percorrer quilómetros rumo a um destino longínquo? De forma cuidadosa e sensível, Francesca Sanna conta a história de uma mãe, obrigada a fugir da guerra com o filho. Duras realidades são abordadas com sensibilidade, fazendo-se acompanhar de bonitas ilustrações.

 

Eu e o Meu Medo

Francesca Sanna | M/6

Mudar de país é algo bastante assustador para uma menina pequena. Como fará amigos, se nem entende a língua em que estes falam? Será que ela é um caso único? Ou existem mais meninos a sentirem-se assim? Em “Eu e o Meu Medo”, os mais novos são convidados a sair da sua realidade e a encarar os medos que muitas crianças espalhas pelo mundo sentem.

 

O Rapaz ao Fundo da Sala

Onjali Q. Rauf | M/9

Baseado em testemunhos reais de refugiados, “O Rapaz ao Fundo da Sala” aborda um tema atual, visto pelo olhar de uma criança. Quando um rapaz enigmático chamado Ahmet se junta à turma, quatro meninos procuram conhecer a sua história. Juntos traçam nada mais nada menos do que a melhor ideia do mundo para voltar a reunir a família do novo colega.

 

 

Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa

Judith Kerr | M/11

“Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa” é considerado um clássico da literatura infantil, inspirado na vida de Judith Kerr. No ano de 1933, Anna anda demasiado ocupada com a escola e os amigos para reparar nos cartazes políticos que invadem Berlim. Além de abordar a temática de forma simples, o estilo de escrita incute um pouco de humor na experiência da protagonista.

 

Nevoeiro em Agosto

Robert Domes | M/12

Na Alemanha nazi, um menino de 4 anos de etnia cigana é separado da sua família, sendo obrigado a viver num orfanato. Depois de saltar de instituição em instituição, Ernest acaba num hospital psiquiátrico, onde descobre o amor e carinho pela primeira vez. Naquele lugar, nem todos os doentes estão doentes, começando a desaparecer aos poucos. Um verdadeiro testemunho de luta pela liberdade.

 

Pax

Sara Pennypacker e Jon Klassen | M/12

A dupla de escritores Sara Pennypacker e Jon Klassen aborda a relação de Peter e da sua raposinha de estimação Pax, durante a guerra. Ambos eram melhores amigos até à sua separação, causa pela partida do pai de Peter para a frente de combate. Da vida virada do avesso, nasce uma aventura sobre as verdades essenciais que nos definem.

 

A Seguir

Morris Gleitzman | M/13

“A Seguir” narra uma história que atrai pela imagem e encanta pela mensagem. Os amigos Felix e Zelda veem-se obrigados a fugir do regime Nazi, procurando alguém que os acolha. Para Feliz a missão é simples: manter-se vivo e proteger Zelda. Mas até quando é que podem continuar fugidos? Uma comovente narrativa sobre a brutalidade humana em tempos de guerra.

 

Combater a ansiedade

Ao obter mais informação, é comum que a criança sinta medo. Até mesmo os adultos mais corajosos ficam com medo, perante uma situação tão destrutiva. Normalizar os temores e mostrar que estes não são sinal de fraqueza constitui um passo essencial.

“Devemos validar sempre este tipo de emoções, o máximo que conseguirmos. É natural sentir medo, é natural ficarmos tristes com imagens tão distantes, mas tão próximas ao mesmo tempo”, afirma.

Um dos principais aspetos para combater o alarmismo é fugir um pouco àquilo que passa na televisão. Sem ignorar esta dimensão por completo, é saudável fomentar o diálogo além das imagens chocantes. “Por um lado, devemos explicar à criança o que se está a passar. Por outro, devemos controlar a informação que é lhe é passada. É importante também mostrar que existem outras notícias naquele dia”, aconselha a psicóloga.

Devemos ter em conta que nem todas as crianças reagem da mesma forma, sendo necessário criar um espaço de troca de ideias em que cada um se sinta seguro. Aliás, também é importante aceitar o ponto de vista das crianças que não expressam particular interesse na guerra. Nesses casos, o segredo está em “aceitar sem julgamentos e não tentar forçar um tema pelo qual não têm interesse”.

 

Admitir que não sabemos tudo

Já se sabe que, por vezes, as crianças fazem questões difíceis. Não tem mal nenhum admitir alguma falta de informação por parte do adulto. É melhor estimular a investigação em conjunto do que, porventura, cair na mentira.

“Assumindo que mentir nunca será a solução, devemos assumir também que não temos a resposta para tudo e que as crianças fazem perguntas difíceis! Devemos assumi-lo e dizer com toda a naturalidade ‘ainda não sei a resposta para essa pergunta’, podendo procurá-la em conjunto”, afirma Inês Loio.

Tal humildade faz com que as crianças, não só cresçam mais informadas, mas também que aprendam a aceitar as suas falhas de conhecimento. Admitir que é necessário mais tempo para investigar um assunto não é vergonha nenhuma.

Com calma e naturalidade, é fácil fomentar consciência social e expandir os horizontes das crianças. Mantenha-se sempre atento a sinais de alerta, adote estratégias que funcionem para a sua turma ou família e desenvolva boas conversas!

 

Por: Estrelas & Ouriços

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